Metabolismo
Vejo
cada vez mais nas academias de ginásticas pessoas falando e “discursando” sobre
metabolismo, umas falam que não conseguem emagrecer porque tem o metabolismo
lento e outras relatam o contrário, falam que não conseguem ganhar peso pelo
fato de ter o metabolismo acelerado. Quando analisamos os artigos mais antigos
percebemos que apesar de já existir uma gama de estudos sobre o tema as duvidas
ainda são grandes.
Com
uma breve analise histórica sobre o metabolismo, encontramos que os primeiros
estudos no tema remontam a antiguidade na escola de Hipocrates, baseado na
observação de um adulto que não conseguia ganhar peso mesmo ingerindo uma
quantidade de alimentos e líquidos muito maior que a sua excreção (King, 1924).
Outro estudo que faz uma analise histórica do tema é de Du Bois (1936) onde
relata os experimentos Lavoisier em 1780, onde o mesmo identificou e denominou
o oxigênio, dizendo que quando o oxigênio combina com substâncias combustíveis
liberavam calor, provando ai que a oxidação era à fonte de calor em animais. Surgiram então os primeiros estudos relacionados à calorimetria direta em animais, estendendo
seus estudos para o homem, Lavoisier associou que a exposição ao frio, à
digestão e a atividade física se associavam ao aumento do consumo de oxigênio
pelo organismo e consequentemente autuando no metabolismo.
Já no século XIX estudos se pautavam com o estabelecimento das leis da termodinâmica, onde vários calorímetros diretos passaram a ser desenvolvidos na tentativa de aperfeiçoar as propostas de Lavoisier sobre o metabolismo (Durmin e Passmore, 1067). Não se perdendo muito na história e citando alguns artigos mais recentes sobre a taxa metabólica Wahrlich e Anjos (2001) fala de fatores que influenciam na taxa metabólica basal e relata que para mensurar a TMB alguns aspectos devem ser controlados, como a atividade física, ingestão alimentar e o nível de ruído ambiental. Fatores como o tabagismo e período do clico menstrual não podem relacionar-se com a TMB e sim com a taxa metabólica de repouso.
Mais
atualmente os estudos relatam que a TMB sofre influências da composição
corporal, idade, gênero, ciclo menstrual, tabagismo, clima e atividade física.
Porem, os três componentes mais estudados que influenciam diretamente na taxa
metabólica são: a Taxa Metabólica de Basal (TMB), o efeito Térmico do Alimento
(ETA) e o Efeito Térmico da Atividade Física (ETAF).
Segundo
estudos de Ravussin e Swinbur (1992) conforme demonstra a figura a TMB constitui
de 60 a 75% do gasto energético diário e está associado com a manutenção da
maioria das funções corporais. O ETA
é o aumento cumulativo no gasto energético após as refeições e constitui
aproximadamente 8 a 10% do gasto energético diário e o ETAF que é o componente com maior variação no gasto energético
diário e pode constituir de 15 a 30%. O ETAF inclui o gasto energético relativo
ao trabalho físico, à atividade muscular e ao exercício físico.
Outro fator importante
relacionado ao metabolismo é a massa corporal magra, no estudo de Schnaider e
Meyer (2017) é demonstrada a importância de uma variedade de exercícios, principalmente
para exercícios neuromusculares e combinados (aeróbio e neuromuscular) para
manutenção e aumento da massa corporal magra e um posterior aumento do
metabolismo.
Então antes de se preocupar
com o metabolismo temos que verificar se os fatores que contribuem para o seu
aumento ou diminuição estão sendo realizados corretamente. Lembrando que em um
programa de exercícios físicos a prescrição deve ser individualizada, a dieta
também tem grande importância para que os objetivos sejam alcançados. Se isso
não esta acontecendo ou sua dieta esta inadequada ou o exercício não esta
suprindo suas expectativas e necessidades. Ai talvez já tenha passado da hora
de fazer uma avaliação física e nutricional criteriosa.
Referências:
KING, J. T., 1924. Basal Metabolism: Determination of
the Metabolic Rate in the Practice of Medicine. Baltimore: Williams & Wilkins.
DU BOIS, E. F., 1936. Basal Metabolism in Health and
Disease. 3rd Ed.
Philadelphia: Lea & Febiger.
WAHRLICH, Vivian and ANJOS, Luiz Antonio dos. Aspectos históricos e metodológicos da medição e estimativa
da taxa metabólica basal: uma revisão da literatura. Cad. Saúde Pública [online]. 2001, vol.17, n.4, pp.
801-817. ISSN 0102-311X.
SCNEIDER, P;
MEYER, F. O Papel do Exercício Físico na Composição Corporal e na Taxa
Metabólica Basal de Meninos e Adolescentes Obesos. R. Bras. Ci. e Mov. 2007;
15(1): 101 – 107.